Que a sede de ouro é sem cura,
e, por ela subjugados,
os homens matam-se e morrem,
ficam mortos, mas não fartos.
(Romance I)

Dorme, meu menino, dorme,
que o mundo vai se acabar.
Vieram cavalos de fogo:
são do Conde de Assumar.
Pelo Arraial de Ouro Podre,
Começa o incêndio a lavrar.


Quando um dia fores grande,
e passares por ali,
dirás: “Morro da Queimada,
como foste, nunca vi;
mas,só de te ver agora,
ponho-me a chorar por ti:

por tuas casas caídas,
pelos teus negros quintais,
pelos corações queimados
em labaredas fatais,
- por essa cobiça de ouro
que ardeu nas minas gerais.”

Não há Conde, não há forca,
Não há coroa real
mais seguros que estas casas,
que estas pedras do arraial,
deste Arraial do Ouro Podre
que foi do Mestre Pascoal

(Romance V)

Cecília Meireles O Romanceiro da Inconfidência

"... ai, pareciam eternas!
[...]
Ai, como morrem as casas!
Como se deixam morrer!

Minhas casas fustigadas!
...
meus passos de telha vã
estão úmidos e humildes."

Morte das casas de Ouro Preto
Carlos Drummond de Andrade